Vivendo num mundo mercantilista, o mundo mediterrâneo do tempo do império romano, a pobre comunidade de Lucas sente-se insegura e impotente diante do mal causado pelas falsas ilusões de riqueza e bem-estar. Neste contexto, recordam a palavra de Jesus: “Não temas, pequeno rebanho, porque o Pai decidiu lhes dar o reino”. Além de exorcizar o medo, esta palavra ajudou estes grupos de despossuídos e marginalizados a se assumirem como herdeiros do reino e a organizarem um estilo novo de viver as relações econômicas e sociais, o que exige libertar-se dos apegos e de interesses puramente individuais. A atitude para com os bens terrenos não é uma questão insignificante, é ponto de referência do que é realmente importante na vida. O tesouro diz respeito aos interesses profundos que orienta nossas buscas e nossa atividade.
Lucas acrescenta algumas parábolas sobre a vinda de Jesus. Desafia a comunidade, principalmente os que tem encargo pastoral a estarem sempre prontos em atitude de vigilância, expressa no simbolismo das lâmpadas acesas e dos rins cingidos. Estar cingidos é estar disponível e estar de lâmpadas acesas é estar preparados para enfrentar a noite, momento em que mais facilmente podemos ser tomados de surpresa.
Na celebração, expressamos a ânsia coletiva, e também pessoal, pela vinda do reino. O ponto de gravitação da nossa vida é Deus e o seu reino. A vida é breve. Além disso, a promessa da vinda do Senhor relativiza tudo. Damos uma contribuição à história da humanidade e terminamos a nossa viagem. Assim, Cristo nos alerta a ter um tesouro que influencie a nossa vida e dê as razões de nossa esperança, no meio das lutas de cada dia e até mesmo das contradições de nossa vida.​​

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Fonte: Penha Carpanedo - Revista de Liturgia.